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Acerca do Potencial da Medicina Tradicional Chinesa e da Acupuntura

A Medicina Tradicional Chinesa e a Acupuntura como Ferramentas Terapêuticas

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Na Clínica Médica do Porto há um sentimento generalizado de aumento da procura dos serviços clínicos Não Convencionais, e em particular neste âmbito, da Medicina Tradicional Chinesa e da Acupuntura.

Há também uma ideia generalizada de que muitas vezes, no que concerne à validade destas técnicas clínicas,  aceitamos uma percepção distante da realidade, incompleta, desinformada, ou simplesmente baseada em estereótipos, pelo que nos parece relevante esclarecer do que falamos precisamente quando abordamos as temáticas da Medicina Chinesa, e da Acupunctura, e de que forma estas disciplinas podem ser colocadas ao dispor dos nossos pacientes.

Se preferir poderá escutar a versão áudio do presente artigo:

Evolução da Visão Terapêutica da Acupuntura e Medicina Chinesa

Nos últimos anos temos vindo a assistir a uma maior preocupação por parte das entidades que regulam o sector das Terapias Não Convencionais, ou Medicinas Alternativas (como até à pouco tempo eram reconhecidas).

O processo de regulamentação, hoje mais próximo de estar completo, passou por diversas etapas. Alguma da negligência inicial para com estas terapias, que viveram décadas num semi-vazio legislativo (e por vezes operacional), facilmente obliterado não só pelo elevado número de praticantes, e depois pela constatação da amplitude da sua utilização pelas populações, até finalmente, ao início do processo de regulamentação, passaram vários anos, dolorosos para quem nesta área luta por uma verdadeira qualificação da profissão.

O termos “praticante” na frase anterior não foi utilizado de forma inocente – se é verdade que há, a cada dia que passa, surgem mais profissionais e mais bem formados, a verdade é que durante muito tempo a formação nesta área carecia de validação científica de acordo com padrões ocidentais – a este propósito, ainda hoje é relativamente fácil encontrarmos profissionais (que muitas das vezes não são sequer merecedores desta designação – profissionais), cujas formações foram obtidas em tempo recorde, sem quaisquer critérios de ordem académica.

Tal situação, que naturalmente prejudica a imagem das profissões e dos profissionais, fez com que, anos a fio, as Medicinas Alternativas fossem vistas como uma amálgama obscura de práticas terapêuticas, semi-terapêuticas e pseudo-terapêuticas mal conhecidas, mal aplicadas e com pouco ou nenhum reconhecimento, que cresceram à margem dos preceitos de qualidade que se exigem no sector da saúde.

Não obstante, e contextualizada a situação, exemplos existiram em que foi feito o melhor possível dadas as condições. Dito de outro modo, não é tarefa fácil impor critérios de qualidade formativos quando não havia normas regulamentares relativas à actividade!

Hoje finalmente e bem, as Terapias Não Convencionais são equiparadas a actividades paramédicas e desenvolvem-se esforços para continuar o trabalho iniciado de incrementar a credibilidade quer da actividade quer dos seus profissionais,  homogeneizando critérios de formação e definindo um quadro legislativo e regulamentar, por forma a garantir a qualidade quer dos serviços prestados quer a saúde das populações.

Por tudo isso, é necessário desmistificar a ideia que as Terapias Não Convencionais são práticas obscuras. Não são! São práticas objectivas, por vezes de difícil percepção aos olhos daqueles que nunca as estudaram, mas não é assim com tudo o que não se conhece?

Deixando eventuais esteriótipos de parte, constatamos que são práticas clínicas vulgarmente utilizadas noutras partes do mundo para lá deste nosso Portugal (tão) pequenino. Por cá não são autóctones, mas isso não deveria ser motivo para as ostracizar. Pelo contrário, se há quem a elas recorra, com efeitos beneficiais para a saúde e bem estar, devemos ter uma atitude pro-ativa e tentar perceber melhor os seus efeitos, benefícios, aproveitando para os integrar com o manancial de armas ao nosso dispor para combater a doença.

Neste contexto, é necessário referenciar o papel determinante de entidades isentas e autónomas – esse será talvez o garante do desinteresse corporativo que deve nortear qualquer opção terapêutica.

A este propósito, já em meados dos anos 90, a Organização Mundial de Saúde, atenta ao aumento da utilização da Medicina Tradicional Chinesa e da Acupuntura pelos utentes um pouco por todo o mundo, compilou num único documento as patologias frequentes que levam os pacientes a recorrer a esta Terapia Não Convencional, bem como o registo científico da sua prática e efeitos da sua utilização.

Nesse documento, os especialistas reuniram em quatro grandes grupos os problemas de saúde tratados pela Medicina Chinesa, de acordo com a maior ou menor eficácia do tratamento, e evidência de efeito. É esse documento que partilhamos consigo neste artigo.

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Grupo 1: Efeitos Terapêuticos Inequívocos da Acupuntura e Medicina Chinesa

Neste primeiro grupo, a Organização Mundial de Saúde reúne um grupo de patologias, síndromes e condições para os quais a Acupunctura e a Medicina Chinesa demonstraram, inequivocamente, e por meio de ensaios clínicos científicos controlados, ser uma terapia efectiva (e em muitos casos electiva).

Doenças e Condições do foro Cardiovascular

  • Hipertensão essencial;

  • Hipotensão primária;

Doenças e Condições do foro Neurológico

  • Problemas discais;

  • Paralisia facial;

  • Dor de cabeça e Enxaqueca;

  • Neuralgia intercostal;

  • Doença de Meniere;

  • Disfunção neurogénica da bexiga;

  • Paresis pós trombótica;

  • Enurese nocturna;

  • Neuropatias periféricas;

  • Neuralgia do trigémeo;

Doenças e Condições do foro Muscular ou Esquelético

  • Artrite;

  • Fibromialgia;

  • Ombro congelado e Cotovelo de tenista – Epicondilite;

  • Entorses, tendinites, contracturas;

  • Osteoartrite;

  • Dor ciática;

  • Dor no joelho/rótula;

  • Dor lombar (lombalgias, dor coluna vertebral, dor de costas);

  • Periartrite do ombro;

  • Dor Ciática;

Doenças e Condições foro Respiratório e Pulmonar

  • Bronquite aguda;

  • Rinite aguda;

  • Rinite alérgica;

  • Sinusite aguda;

  • Amigdalite aguda;

  • Asma bronquica;

  • Resfriado e constipações vulgares;

Afecções e Patologias do Olho, Visão, do Ouvido, do Nariz e da Boca

Doenças e Condições do foro Gastrointestinal

  • Colite aguda e crónica;

  • Cólicas Biliares

  • Gastrite (aguda ou crónica);

  • Desinteria bacilar;

  • Úlcera duodenal (sem complicações);

  • Úlcera Duodenal crónica (para o alívio da dor e sintomas);

  • Obstipação;

  • Hiperacidez Gástrica;

  • Gastroptose;

  • Diarreia;

  • Soluços;

  • Síndrome do intestino irritável;

  • Ileo paralítico;

  • Espasmos gastro-exofágicos;

  • Enjoo e enjoo matinal;

  • Náusea e vómitos;

Afecções e Condições Ginecológicas e ou relacionadas com a Gravidez

Doenças e Condições do foro psicológico, Psiquiátrico e/ou Emocional

  • Ansiedade;

  • Depressão (incluindo neurose depressiva e depressão pós-enfarte);

  • Hipersonia (sono excessivo);

Outras

  • Supressão de apetite;

  • Sindromes de abstinência;

  • Dor facial – incluindo desordens craniomandibulares;

  • Indução do trabalho de parto;

  • Má posição do feto;

  • Leucopenia (deficit do número de glóbulos brancos – problemas de imunidade);

  • Dor pós-operatória;

  • Cólica renal;

Doenças e Condições do foro Autoimune

  • Artrite reumatóide;

Problemas Oncológicos

  • Tratamento das reacções adversas à radioterapia e quimioterapia;

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Grupo 2: Evidência de Efeito da Acupuntura e Medicina Chinesa, c/ Necessidade de mais Estudos

Neste segundo grupo, a Organização Mundial de Saúde reuniu patologias, sintomas ou condições para os quais o efeito terapêutico da Acupuntura foi demonstrado, mas onde são necessários ensaios adicionais.

Doenças e Condições do foro Emocional

  • Stress;

Dor

  • Dor oncológica (dor subsequente a patologia cancerígena ou tumural);

  • Dor abdominal (em gastroenterite aguda ou devido a espasmos gastrointestinais);

  • Dor nos olhos devido à injeção subconjuntival;

  • Dor devido a exame endoscópico;

Problemas do foro Oncológico

  • Dor oncológica (dor subsequente a patologia cancerígena ou tumural);

Afecções e Condições Ginecológicas e ou relacionadas com a Gravidez

  • Infertilidade feminina (consulta);

  • Síndrome uretral feminino;

  • Problemas de lactação na grávida;

  • Síndrome de Ovários Policísticos (Síndrome de Stein-Leventhal)

  • Síndrome pré-menstrual;

  • Infecção urinária recorrente (tracto urinário baixo);

  • Retenção de urina;

Afecções e Patologias do Olho, Visão, do Ouvido, do Nariz e da Boca

  • Dor de ouvido;

  • Epistaxe simples (sem doença generalizada ou local – é o sangramento do nariz);

  • Dor nos olhos devido à injeção subconjuntival;

  • Espasmo facial;

  • Dor de garganta (incluindo amigdalite);

Afecções e Condições Virais e Bacteriológicas

  • Febre hemorrágica;

  • Herpes – Herpes Zooster;

  • Hepatite B (quando o pacientes se encontra no estado de portador);

  • Neuralgia pós-herpética (dor tipo “facada” resultante de danos nos nervos consequente a episódio herpético);

Doenças e Condições do foro Autoimune

  • Fibromialgia e fasciíte;

  • Síndrome de Raynaud (condição que ocorre como consequência a diferenças de temperatura ou stress, em que determinadas zonas do corpo ficam dormentes como consequência da redução do aporte sanguíneo à zona em causa);

  • Síndrome de Sjögren (doença inflamatória auto-imune);

Doenças e Condições do foro Dermatológico

  • Acne ( acne vulgaris);

  • Neurodermatite (líquen simples crónico – alteração da pele com aparecimento de sintomas cutâneos iritantes);

  • Prurido;

Doenças e Condições do foro Gastrointestinal

  • Dor abdominal (em gastroenterite aguda ou devido a espasmos gastrointestinais);

  • Colecistite crónica com exacerbação aguda;

  • Litíase biliar (pedras na vesícula);

  • Perturbação da velocidade gástrica (alteração do tempo de digestão)

  • Gota e artrite gotosa;

  • Colite ulcerativa crónica;

Doenças e Condições do foro Metabólico

  • Diabetes mellitus tipo II (não insulino dependente);

  • Hiperlipidemia (alteração dos valores das gorduras face aos valores basais – colesterol e triglicéridos, ou ambos;

Doenças e Condições do foro Muscular

  • Distrofia simpático-reflexa

Doenças e Condições do foro Neurológico

  • Paralisia de Bell (esta condição é provocada por danos nos nervos de um dos lados do rosto, de tal forma que parece que parte do rosto “cai”);

  • Demência vascular;

  • Dor radicular e síndrome de dor pseudo-radicular (danos em nervos periféricos ou nas próprias terminações nervosas);

Doenças e Condições do foro Osteoarticular

  • Osteoartrite;

  • Dor na coluna aguda;

  • Torcicolo;

  • Disfunção da articulação temporo mandibular (ATM);

Doenças e Condições do foro Psiquiátrico

  • Esquizofrenia;

Doenças do foro Respiratório e Pulmonar

  • Bronquite asmática;

Doenças e Condições do foro Urológico e Nefrológico

  • Disfunção sexual masculina, impotência, não-orgânica;

  • Prostatite crónica (Inflamação da Próstata);

  • Infecção urinária recorrente (tracto urinário baixo);

  • Retenção de urina

  • Urolitíase (pedras nos rins);

Outras Afecções Patológicas

  • Dependência do álcool e processos de destoxificação;

  • Insónia (dificuldade em adormecer e/ou dormir bem);

  • Doença de Meniére (problemas de equilíbrio);

  • Obesidade;

  • Dependências e adicções químicas (Ópio, Cocaína e Heroína);

  • Dor subsequente a Tromboangeíte obliterante (TAO), ou Doença de Buerger – é uma condição rara em ocorre o bloqueio dos vasos sanguíneos das mãos e pés;

  • Recuperação e convalescença pós-operatória;

  • Síndrome de Tietze;

  • Dependência de tabaco;

  • Síndrome de Tourette;

Photo by Daria Nepriakhina on Unsplash
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Grupo 3: Evidência de Efeito Reduzido

Doenças, sintomas ou condições para as quais existe reduzida evidência de efeito em ensaios clínicos individuais, mas para os quais faz sentido considerar a utilização de técnicas de Acupuntura e Medicina Chinesa devido à complexidade/dificuldade de tratamento da patologia no âmbito da Medicina Convencional.

Sintomas Dermatológicos

  • Cloasma ou Melasma (pigmentação facial);

Afecções relacionadas com a visão

  • Coroidopatia (doença ocular);

  • Daltonismo;

Outros

  • Hipofrenia;

Sintomas Gastrointestinais

  • Síndrome do Cólon Irritável;

Patologias Urológicas

  • Bexiga Neurogénica (incapacidade de controlar o fluxo urinário) resultante de lesão neuropática na medula;

Patologias Cardíacas

  • Doença cardiopulmunar crónica;

Patologias Pulmonares

  • Pequenas obstruções das vias aéreas;

Photo credit: hradcanska on VisualHunt.com / CC BY-NC-SA
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Grupo 4: Patologias para as quais a Utilização de Técnicas de Acupuntura e Medicina Chinesa Requerem Supervisão Médica

Este grupo reune doenças, sintomas e condições para as quais acupunctura pode ser utilizada, desde que o especialista possua conhecimento médico e equipamento de monitorização adequado.

Patologias Respiratórias

  • Falta de ar (nas doenças pulmonares obstrutivas crónicas);

Patologias Cardíacas

  • Angina Pectoris (doença coronária cardíaca);

Patologias Gastro-Intestinais

  • Diarreia em crianças e jovens;

Outros

  • Convulsões (nas crianças);

  • Encefalites virais nas crianças em em estado tardio;

  • Paralisia progressiva bulbar e pseudobulbar;

Photo by Ivars Krutainis on Unsplash
Medicina Tradicional Chinesa - Acupuntura - Clínica Médica do Porto

Adopção da Acupuntura e da Medicina Tradicional Chinesa na Prática Clínica

O livro foi publicado pela OMS que deu origem a este documento data de 2002. Desde então, a  comunidade científica continua activa e virtuosamente a demonstrar a evidência de efeito da Medicina Chinesa e da Acupuntura, a cada dia que passa.

Há certamente um longo caminho pela frente, no que concerne às terapias não convencionais e neste âmbito em particular na Medicina Chinesa e Acupuntura, mas já estivemos mais longe.

Não foi assim à tanto tempo que a Ordem dos Médicos Norte Americana publicou numa das mais reputadas revistas científicas um estudo onde recomenda a adopção de novas Guidelines para o tratamento da dor lombar, aconselhando a utilização, como estratégia de primeira linha, a utilização de calor, massagem e acupuntura. O caminho é longo, mas faz-se caminhando.

A Clínica Médica do Porto não defende a utilização cega das terapias não convencionais, mas de forma alguma as discrimina relativamente a quaisquer outras técnicas médicas ou paramédicas.

Como em todas as dimensões relacionadas com a saúde do indivíduo, as as escolhas de cada um devem ser mediadas por critérios objectivos, ponderada a equação risco/benefício.

Na Clínica Médica do Porto defendemos uma utilização conjunta do manancial de técnicas terapêuticas ao nosso dispor, independente do rótulo que utilizamos para as catalogar. Por isso acreditamos que os profissionais que operam na área da saúde devem aos seus pacientes a obrigação de trabalhar em equipa, procurando maximizar eventuais sinergias que resultem da utilização conjunta das competências ao dispor de uns e de outros, transpondo para os pacientes os eventuais ganhos de eficácia que daí se obtêm.

Saiba mais acerca da visão da Clínica Médica do Porto no que concerne à integração terapêutica.

O texto foi traduzido e adaptado do original pela Clínica Médica do Porto. Em caso de dúvida, descarregue aqui o documento que lhe serviu de suporte.

A Clínica Médica do Porto recomenda:

Em qualquer circunstâncias ou em caso de dúvida deverá sempre consultar o seu clínico assistente, ele melhor do que ninguém saberá aconselhá-lo/a da melhor forma…

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