Perda ou Diminuição do Desejo Sexual: Causas e Soluções

Sente que o desejo sexual desapareceu da sua vida? Neste artigo, explicamos as causas mais comuns e mostramos o caminho para recuperar a sua libido.

A perda do desejo sexual pode afetar qualquer pessoa em diferentes fases da vida, sendo uma preocupação comum entre casais e indivíduos. Embora seja normal haver oscilações na libido, quando a falta de interesse sexual se torna persistente, pode afetar o bem-estar emocional e a qualidade das relações.

Este artigo explora as principais causas da diminuição do desejo sexual, abordando fatores físicos, emocionais e relacionais. Além disso, discute estratégias eficazes para recuperar a libido e manter uma vida íntima saudável.

Se tem dúvidas sobre a sua própria experiência com a perda do desejo sexual, o presente artigo irá ajuda-la/o a compreender melhor esta condição bem como apresentar algumas possíveis soluções para o tratamento.

O que é Libido e qual o Impacto da Perda de Desejo Sexual?

A sexualidade desempenha um papel fundamental na harmonia dos relacionamentos, contribuindo para a intimidade e para a conexão emocional entre parceiros.

Para muitos casais, a vida sexual é uma extensão da cumplicidade e do afeto partilhado, fortalecendo os laços e promovendo bem-estar. Quando existe um desequilíbrio nesse campo, podem surgir sentimentos de frustração e distanciamento, com eventual impacto negativo na autoestima individual.

Neste contexto, a pulsão sexual – um conceito desenvolvido por Sigmund Freud -, refere-se a uma força interna que impulsiona a busca pelo prazer e pela satisfação das necessidades instintivas do ser humano. No âmbito dos relacionamentos, esta pulsão desempenha um papel essencial na atração, na manutenção da conexão emocional e na expressão do desejo.

Quando a pulsão sexual é reprimida ou diminuída, pode afetar não só a relação, mas também a forma como cada indivíduo se percebe dentro dessa relação. A ausência prolongada de desejo sexual pode levar a mal-entendidos, inseguranças e dificuldades na comunicação entre parceiros. Pode acontecer um dos membros do casal sentir-se rejeitado ou pouco desejado, enquanto o outro lida com sentimentos de culpa ou pressão.

O desejo sexual não é constante ao longo da vida e a perda de desejo sexual pode ter diversas origens: desde fatores físicos, emocionais e hormonais até questões de relacionamento. Nem sempre é um problema grave, mas quando a situação se prolonga e interfere com a felicidade individual ou conjugal, torna-se essencial compreender as razões por detrás dessa mudança e procurar as soluções mais adequadas.

Perda de Libido ou Desejo Sexual Hipoativo (TDSH)

Existe uma diferença que importa conhecer entre uma redução ocasional da libido e uma condição persistente conhecida como Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo (TDSH).

• A Falta de libido, enquanto situação temporária, pode ser causada por stress, cansaço, mudanças no estilo de vida ou desafios emocionais.
• O Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo (TDSH) é uma condição clínica caracterizada por uma ausência contínua de interesse sexual.

Se a perda de libido está a afetar o seu bem-estar e os seus relacionamentos, pode ser necessário procurar apoio profissional para compreender a raiz do problema e encontrar um tratamento adequado.

Nos parágrafos seguintes exploraremos a forma como o desejo pode naturalmente variar ao longo da vida, bem como sofrer alterações marcantes em momentos específicos.

O Desejo Sexual ao Longo da Vida

A libido não é estática. A pulsão e a energia que sentimos na juventude pode não ser a mesma que sentimos na idade adulta ou após eventos significativos como a gravidez ou a menopausa. É natural que o desejo sexual evolua. Compreender essas mudanças ajuda-nos a lidar melhor com as fases em que sentimos maior ou menor interesse pelo sexo.

Destacamos abaixo alguns dos momentos mais relevantes e com maior probabilidade de alterações ao nível da libido durante diversas fases da vida.

Puberdade e Início da Vida Adulta

Nesta fase, as hormonas sexuais estão em alta, e o desejo e a curiosidade sexual são elevados. Fatores psicológicos, como por exemplo a insegurança, experiências emocionais e /ou crenças culturais podem influenciar a forma como cada um vive a sua sexualidade.

O Desejo Sexual na Mulher: Fases Específicas

Nas mulheres, as oscilações hormonais desempenham um papel crucial. A menopausa, o período pós-parto e a amamentação são fases marcadas por alterações que podem influenciar o desejo sexual. Além disso, condições como a Síndrome dos Ovários Policísticos ou o uso de contracetivos hormonais podem interferir com a libido.

Fatores emocionais como o stress, o cansaço e a ansiedade são igualmente relevantes.

Muitas mulheres sentem-se inseguras com o próprio corpo, o que pode dificultar o envolvimento íntimo. Questões físicas, como dispareunia (dor durante o sexo), endometriose ou doenças crónicas, também exercem um impacto importante.

Adicionalmente, a falta de sono, o sedentarismo e uma alimentação pouco equilibrada podem minar os níveis de energia e bem-estar, diminuindo o desejo sexual.

– Pílula e Anticoncecionais

Algumas mulheres relatam alterações na libido após interromper métodos hormonais (pílula, anel vaginal, implantes). Pode haver ajustes hormonais naturais, com aumento ou diminuição do desejo sexual.

– Gravidez e Pós-Parto

Durante a gravidez, algumas mulheres relatam um aumento do desejo sexual. Isso pode explicar-se por alterações hormonais, bem como pelo maior fluxo sanguíneo na região pélvica, ambas condições normais nesta fase. Outras mulheres podem sentir uma redução da libido devido ao desconforto físico e a condições como as náuseas e cansaço, também normais neste período de vida.

Após o parto, a situação muda novamente. A amamentação pode suprimir a produção de estrogénio, reduzindo a lubrificação vaginal e com isso também o desejo sexual. Além disso, a falta de sono e as exigências da maternidade podem tornar a intimidade menos prioritária. Esta é uma fase de adaptação e comunicação com o parceiro é essencial.

– Menopausa

A menopausa traz consigo uma diminuição dos níveis de estrogénio, o que pode resultar numa menor lubrificação vaginal e numa redução da sensibilidade.

Muitas mulheres experienciam nesta fase das suas vidas alterações de humor e cansaço, que podem impactar negativamente a sua libido. A este respeito, existem opções de que falaremos melhor mais à frente, como a terapia de reposição hormonal ou hidratantes vaginais. Ambos podem contribuir para ajudar a melhorar a vivência da sexualidade neste período.

O Desejo Sexual no Homem: Fases Específicas

As alterações hormonais, como níveis reduzidos de testosterona podem influenciar significativamente o desejo sexual. Em paralelo, o stress e a ansiedade, combinados com pressões para um bom desempenho, frequentemente afetam a saúde emocional do homem e, por conseguinte, a libido.

Por outro lado existem condições físicas como disfunção erétil, diabetes, hipertensão e um estilo de vida sedentário ou com excesso de peso que também têm impacto direto. É importante considerar ainda outros fatores, como os efeitos colaterais de certos medicamentos, o consumo excessivo de álcool ou tabaco e a privação de sono. Tudo isso contribui para uma diminuição do interesse sexual, que pode ser revertida com ajustes no estilo de vida e apoio médico.

– Andropausa

Embora menos falada do que a menopausa, a andropausa é a fase equivalente da menopausa nas mulheres.

A partir dos 40-50 anos, os níveis de testosterona começam a diminuir gradualmente, o que pode levar a uma redução do desejo sexual, fadiga e até dificuldades de ereção. O estilo de vida tem um impacto direto nesta fase – manter uma alimentação equilibrada e praticar exercício físico pode ajudar a contrariar estes efeitos.

– Envelhecimento e Terceira Idade

É normal que o desejo sexual se mantenha ativo na terceira idade. Nesta fase, fatores como doenças crónicas, medicação e mudanças físicas podem influenciar a intimidade do casal e a chave poderá esta na adaptação – compreender as mudanças do corpo e procurar novas formas de prazer e intimidade pode ajudar a manter a satisfação sexual.

Outras Fases e Condições que Podem Afetar o Desejo Sexual

Algumas causas de baixa libido são independentes do género. Por exemplo, o stress crónico, a ansiedade e a depressão podem reduzir o apetite sexual em qualquer um. Além disso, a falta de tempo, as responsabilidades acumuladas e os conflitos não resolvidos nas relações afetivas, criam um distanciamento emocional que muitas vezes se reflete na intimidade física.

A rotina e a monotonia também desempenham um papel importante, pois tornam as interações menos excitantes e previsíveis. Em muitos casos, um casal que enfrenta dificuldades de comunicação pode sentir um declínio gradual na vida sexual.

Por fim, hábitos de vida pouco saudáveis, como a má alimentação, o consumo excessivo de substâncias prejudiciais e a privação de sono, são fatores que tanto homens quanto mulheres enfrentam e que podem comprometer o desejo sexual.

– Doenças Crónicas e Condições de Saúde

Diabetes, hipertensão, problemas cardíacos, obesidade e situações mais ou menos graves tais como doenças autoimunes podem impactar negativamente a circulação sanguínea, a produção hormonal e a energia disponível para o desejo sexual.

– Depressão e Saúde Mental

Estados depressivos e distúrbios de ansiedade afetam diretamente a libido devido à redução da produção de neurotransmissores ligados ao prazer e ao bem-estar. O uso de antidepressivos pode diminuir ainda mais a libido, podendo revelar-se necessário ajustar o tratamento com um profissional de saúde.

– Períodos de Stress Intenso e Burnout

O stress crónico aumenta os níveis de cortisol, que pos sua vez pode interferir na produção de testosterona e estrogénio, provocando alterações do desejo sexual. De igual forma períodos de trabalho extenuante ou problemas familiares podem gerar fadiga extrema, levando à falta de interesse na intimidade.

– Pós-cirurgia e Reabilitação Médica

Algumas cirurgias, em particular as ginecológicas ou urológicas, como histerectomia, mastectomia ou prostatectomia, podem afetar a libido. A recuperação de procedimentos invasivos pode exigir um período de readaptação à vida íntima.

– Transição de Género e Terapia Hormonal

Para pessoas transgénero em Terapia Hormonal de Afirmação de Género (THAG), as mudanças hormonais podem impactar a libido de diferentes formas. Durante o ajuste hormonal, algumas pessoas experimentam aumento ou diminuição do desejo sexual, sendo muito importante e essencial o acompanhamento médico.

Como Recuperar o Desejo Sexual?

A recuperação da libido é um processo que pode envolver várias frentes. Neste âmbito e começando por eventuais mudanças no estilo de vida, passando por tratamentos médicos ou psicoterapêuticos, o mais importante é encontrar a abordagem adequada para ao seu caso específico.

Tratamentos Médicos

Existindo causas clínicas (hormonais) ou quaisquer outras alterações fisiológicas associadas à diminuição do desejo sexual, o acompanhamento médico será sempre essencial.

• Reposição Hormonal

Em alguns casos, pode haver uma queda nos níveis de estrogénios (nas mulheres) ou testosterona (nos homens). A terapia de reposição hormonal pode ajudar a restabelecer o equilíbrio, devolvendo energia, vitalidade e interesse sexual.

• Farmacoterapia

Existem alguns fármacos específicos que podem ser úteis para ajudar a recuperar o desejo sexual. Também nesta circunstância o diagnóstico e acompanhamento médico são essenciais.

• Dispositivos Terapêuticos

Em particular para mulheres, os dispositivos de sucção clitoriana podem melhorar a resposta sexual, aumentando a sensibilidade e promovendo o prazer.

Este tipo de dispositivos aparecem na categoria de Tratamentos Médicos considerando o seguinte: (1) apesar de não serem medicamentos, podem ser recomendados por médicos ou terapeutas como parte de uma abordagem clínica; (2) os dispositivos actuam na base da resposta sexual ao estimular a circulação e o tecido clitoriano; (3) alguns dispositivos desta categoria tem sido estudados em ensaios clínicos com vista à melhoria da função sexual.

Intervenções Psicoterapêuticas

A saúde mental e emocional tem um impacto direto na libido. Em muitos casos, o apoio psicológico faz toda a diferença.

• Terapia Sexual e Cognitivo-Comportamental

É uma técnica que pode ser muito eficaz para trabalhar bloqueios emocionais, traumas ou padrões de pensamento. É especialmente útil quando, por exemplo, questões relacionadas com a ansiedade ou a baixa autoestima podem estar a impactar o desejo sexual.

• Terapia de Casal

No âmbito emocional e psicológico, este tipo de abordagem pode ser muito eficaz. A terapia de casal pode ajudar a melhorar a comunicação entre parceiros, promovendo uma maior proximidade emocional e reavivando o interesse mútuo.

Mudanças no Estilo de Vida

Pequenas mudanças diárias podem ter um impacto surpreendente na libido individual.

• Exercício Físico

O movimento regular melhora a circulação, aumenta os níveis de energia e reduz o stress — tudo factores que favorecem o desejo sexual.

• Exercícios ou Reabilitação Pélvica

Técnicas como aquelas dos exercícios de Kegel ajudam a fortalecer os músculos da região pélvica, melhorando o prazer durante a relação e aumentando a autoconfiança.

Este tipo de abordagem é especialmente relevante em casos de dor ou desconforto na relação sexual, nos quais a reabilitação deve ser realizada com apoio de fisioterapeutas especializados.

• Alimentação Saudável

Uma dieta rica em nutrientes como zinco, magnésio e vitaminas do complexo B pode apoiar a produção hormonal e o bem-estar geral.

Abordagens Complementares

Estas estratégias não substituem tratamentos médicos, mas podem complementar eficazmente a recuperação da libido.

• Mindfulness e Yoga

Este tipo de técnicas ajudam a promover o relaxamento, reduzir a ansiedade e a reconectar mente e corpo — três ingredientes muito importantes para uma sexualidade saudável.

• Biblioterapia

A leitura de livros ou materiais educativos sobre sexualidade pode contribuir activamente para despertar o interesse, melhorar o autoconhecimento e promover o diálogo com o/a parceiro/a.

Considerações Finais Acerca da Diminuição do Desejo Sexual

A perda de libido não é uma sentença, mas é um sinal de que algo merece atenção. Com as abordagens certas, é possível retomar o prazer, a intimidade e o bem-estar. O primeiro passo? Falar sobre o assunto sem tabus e procurar apoio quando necessário. Compreender as suas causas e procurar soluções adaptadas a cada caso faz toda a diferença. Se sente que perdeu o interesse sexual ou se identificou com algumas das causas mencionadas, marque uma consulta com um dos nossos especialistas. Estamos aqui para ajudar. Saber mais: Consulta de Terapia Familiar Consulta de Medicina Sexual Consulta de Sexologia /Terapia Sexual

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